"PELA EMANCIPAÇÃO HUMANA"

PELA EMANCIPAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA,

PELA LIBERTAÇÃO DO OPRIMIDO EM TODO O MUNDO,

PELO FIM DO RACISMO E DO MACHISMO,

POR UM HIP HOP COMBATENTE E NÃO SUBSERVIENTE,

A LUTA CONTINUA!!!

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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Biblioteca comunitária Solano Trindade

Núcleo Cultural Força Ativa

Em outubro de 2001, a biblioteca comunitária foi implantada em uma sala num centro comercial de Cidade Tiradentes, e recebeu o nome de Centro de Documentação em Direitos Humanos e Biblioteca Comunitária Solano Trindade. O ponto de partida foi a parceria com o projeto Integrar, por meio do qual conseguimos os recursos para a compra de acervo e para outros materiais.
Já o Ibeac (Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário), com quem o Força Ativa já vinha desenvolvendo algumas ações na área de direitos humanos, cedeu o espaço. Ali, funcionam a biblioteca comunitária e as atividades do projeto de direitos humanos.
O Força Ativa se encarrega do funcionamento do espaço e arca com as despesas de manutenção, como água e luz. Membros do grupo se revezam no atendimento aos usuários da biblioteca e no tratamento do acervo (codificação, etiquetas, etc.).
Todo o trabalho é feito manualmente, pois faltam computadores para informatizar o serviço. A biblioteca fica aberta ao público de segunda à sexta-feira, das 13 às 17hs.
Quando da abertura do espaço, não houve nenhum tipo especial de divulgação, que se deu apenas no esquema “boca a boca”, já que o grupo Força Ativa exerce uma influência positiva na comunidade de Cidade Tiradentes, por meio das palestras ou debates que promove nas escolas. O interesse pela biblioteca foi aumentando à medida que os usuários iam conhecendo o espaço e divulgando a ação para outras pessoas. Em um ano, tivemos 400 usuários cadastrados, o que é um número significativo, se considerarmos que a iniciativa é pequena e não possui recursos de divulgação. Hoje contamos com mais de 4.000 pessoas cadastradas para utilizar o espaço.

Para ter acesso ao acervo, basta apresentar um comprovante de residência e carteira de identidade para fazer o registro como usuário da biblioteca. Até o mês outubro, havia quase 2 mil pessoas cadastradas. Os usuários podem pesquisar no espaço e também retirar livros, sem limite de quantidade, pelo período de uma semana. Geralmente, a média é de três títulos por usuários. Quando as pessoas se cadastram, procuramos explicar a história da biblioteca, suas dificuldades, de modo a conscientizá-las sobre o caráter comunitário daquele equipamento e da importância de elas contribuírem para a manutenção do acervo e do espaço. Procuramos mostrar que os materiais retirados são únicos e que outros usuários precisam deles.

A biblioteca é procurada por crianças, que buscam gibis, livros infantis; adolescentes e adultos, sejam do sexo feminino ou masculino, também freqüentam o espaço, inclusive aqueles que estão retomando seus estudos. As pessoas vão buscar livros sobre política, literatura, prevenção, sexualidade. Ou seja, conseguimos abranger o público de modo geral e a cada dia cresce o número de usuários.
O acervo também continua crescendo, pois constantemente recebemos doações, resultantes dos contatos e das apresentações que fazemos em vários locais ou instituições. Inclui desde livros de literatura infanto-juvenil, até política, história, economia, livros para pesquisa escolar, algumas revistas provenientes de assinaturas de cortesia e de doação.

Entre os autores mais procurados, podemos citar Machado de Assis, Eça de Queirós, , Ruth Rocha e Monteiro Lobato. Também há significativa procura por literatura internacional. Isso ajuda a derrubar uma visão preconceituosa de que na periferia não se lê ou de as pessoas da periferia não se interessam por ler ou que lêem qualquer coisa. Temos livros de auto-ajuda e religiosos, mas esses títulos não saem mais do que o Capão Pecado, ou Dostoiesvky por exemplo.

O futuro da biblioteca e a capacidade juvenil.
Após a implantação da biblioteca comunitária, nossa maior preocupação é quanto à sua manutenção. Temos uma proposta com um orçamento maior que envolve todo o projeto Vamos Ler um Livro, e um orçamento específico para a biblioteca, que garanta a manutenção do espaço, inclusive com ajuda de custo para os agentes de leitura*. Muitas vezes, ficamos sem energia elétrica por falta de dinheiro para o pagamento da conta de luz.
Estamos pensando em formas de captação de recursos e sabemos que para obter financiamento para nossa biblioteca comunitária, teremos de lutar contra uma visão preconceituosa quanto aos jovens, de que não têm responsabilidade e são incapazes de gerir um projeto. Essa visão é totalmente falsa, tanto é que, o Força Ativa, por exemplo, já por dois mandatos consecutivos conseguiu eleger um de seus membros para o Conselho Tutelar. Quando um grupo de jovens se mostra capaz de criar e manter uma biblioteca, com poucos recursos, ou participa do Orçamento Participativo, ou atua no Conselho Tutelar, ou ainda procura discutir e propor políticas públicas, derruba-se um pouco essa visão pré-concebida, que está no poder público, nos partidos, nos financiadores de projetos.

Bibliotecários da comunidade.
“Entramos em contato com o Instituto Brasil Leitor¹ , que nos forneceu o material para a realização do curso de Bibliotecário a Distância, voltado para a formação de gestores de bibliotecas. Eu estudei o material e ministrei o curso, em setembro de 2003, adaptado à nossa realidade. Uma das vantagens do curso é que ele nos permite conhecer e discutir a organização ideal de uma biblioteca. Participaram vários membros do Força Ativa e pessoas da comunidade que eram consulentes da biblioteca. Já estamos pensando em oferecer o curso novamente, até como forma de ampliar a participação da comunidade. Percebemos que não é preciso ter um curso de biblioteconomia para entender de biblioteca(apesar que se tivéssemos seria bom); é possível aprender a organizar um acervo; dominar as técnicas de catalogação, etc. O curso pode até qualificar as pessoas para trabalharem em bibliotecas, acervos, livrarias, etc. Três pessoas da comunidade que participaram do curso hoje atuam como voluntárias na biblioteca”.


Weber Lopes
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¹O Instituto Brasil Leitor é uma instituição que trabalha com políticas de incentivo a leitura.
* agente de leitura são os que trabalham na biblioteca.

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