"PELA EMANCIPAÇÃO HUMANA"

PELA EMANCIPAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA,

PELA LIBERTAÇÃO DO OPRIMIDO EM TODO O MUNDO,

PELO FIM DO RACISMO E DO MACHISMO,

POR UM HIP HOP COMBATENTE E NÃO SUBSERVIENTE,

A LUTA CONTINUA!!!

Total de visualizações de página

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

"DAQUI A VISÃO JÁ NÃO É TÃO BELA"


Com a palavra, A Periferia !

Localizada a aproximadamente uma hora e meia do centro da cidade de São Paulo, casas amontoadas, favelas ou conjuntos habitacionais, habitados por pessoas exploradas. Exploradas por trabalharem oito ou mais horas por dia (isso é, quando têm emprego) e receberem pouco. Pouco que não dá nem para comer direito. Direitos que são violados a cada sala de aula fechada. Fechadas são as alternativas de um outro tipo de vida. Vidas que enchem os presídios. Presídios nos quais grande parte dos presos são pretos.

Pretos vítimas de racismo conseqüente da escravidão. Escravidão parte de um sistema de acumulação de excedente. Excedente de vidas desperdiçadas, que não chegam aos 25 anos. Anos de resistência e luta dentro da periferia. Periferia marginalizada e esquecida...

É dessa realidade que jovens pretos(as) da periferia descrevem o seu cotidiano e se expressam todos eles. Inspirados por uma realidade nada agradável e que é refletida pelo movimento hip-hop. O movimento surge em meados da década de 1980, um período muito conturbado pelo qual passava o Brasil, caracterizado pelo final da ditadura militar, “movimento” por eleições diretas, grande discussão pelos diretos das crianças e dos adolescentes e um movimento negro muito atuante.

Feito por pretos(as), moradores(as) da periferia, o movimento hip-hop, através dos seus quatro elementos (rap, break, grafi te e discotecagem), logo assume uma postura crítica e visão ampla da sociedade, denunciando a violência policial, a desigualdade social, o tratamento recebido pela população preta tanto nos espaços públicos como nos privados, marcas visíveis do racismo no Brasil.

Dentre os quatro elementos que compõem o movimento, sem dúvida alguma destacamos a importância do rap. Com um estilo próprio, batidas pesadas, o ritmo um pouco acelerado e uma levada contundente e discursiva, o rap assume uma postura ofensiva no combate ao racismo, por meio de letras críticas e inquietantes, mostrando o lado podre da sociedade e suas contradições.

O movimento hip-hop também trouxe uma grande contribuição na parte organizacional da juventude preta da periferia. Surgem as “posses” de hip-hop. Dá-se o nome de posse à união de vários grupos do rap, grafiteiros, djs e b-boys, com o objetivo de realizar trabalhos comunitários, organizar debates, ofi cinas e seminários com o intuito de discutir problemas e possíveis soluções para o povo preto, proporcionando uma reflexão crítica da situação real, além da denúncia direta da violência que é gerada por um sistema que valoriza as coisas e não as pessoas.

Outro tipo de organização são os núcleos culturais existentes em algumas regiões da cidade, especifi camente nas periferias. Esses núcleos passaram a desenvolver trabalhos não só dentro do hip-hop, com diversos temas que contemplam a prevenção às DSTs/AIDS, direitos humanos, Estatuto da Criança e do Adolescente, gênero e raça. Estão envolvidos também com os movimentos sociais, mostrando assim que o hip-hop pode ir além da simples descrição do cotidiano.Outra contribuição importante do hip-hop no país se deu no processo de desvelar o mito da democracia racial, mostrando a real situação do negro na sociedade brasileira e as desigualdades enfrentadas. Além disso, o hip-hop trouxe também a discussão sobre a auto-estima e a auto-valorização da juventude preta, ao resgatar a história dos afro-descendentes e algumas referências do movimento negro, tanto no Brasil, como em outras partes do mundo.

Eis um pouco da experiência do hip-hop no Brasil, sempre problematizando e incomodando as elites, expressando as contradições, relatando a desigualdade social e racial, dando voz aos que não a têm, resgatando-os(as) da estória de medo a que estão expostos nas escolas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário